Ana Maria Primavesi (1920 – 2020), nascida na Áustria, no estado da Estíria (em alemão Steiermark) com o nome de Annemarie Conrad, foi uma importante engenheira agrônoma radicada no Brasil em 1948.

Na Áustria invadida pelo exército Alemão em 1938, Ana Primavesi assistiu à ascensão do nazismo e vivenciou a Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945). Na ocasião, tendo concluído seus estudos, estava apta a entrar para a  universidade. No entanto, nas palavras dela, “como os nazistas detestavam os Intelligenzler (pessoas que trabalhavam com a cabeça), para poder frequentar a universidade nos obrigavam a um serviço braçal de nove meses no campo, sem remuneração”. Em condições precárias, com pouco ou nenhum alimento, Ana Primavesi concluiu os nove meses num dos campos de trabalho da organização estatal Reichsarbeitsdienst (RAD) e pôde, então, ingressar na Universidade Rural para Agricultura e Ciências Florestais (Universität für Bodenkultur Wien Gregor – BOKU), na Áustria, formando-se em 1942. Na sequência, em meio aos entraves impostos pela guerra, doutorou-se em Cultura de Solos e Nutrição Vegetal na mesma universidade.

Em 1948, Ana e o marido, Artur Primavesi, também engenheiro agrônomo formado na mesma universidade, vieram para o Brasil e ambos lecionaram na Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, entre 1962 e 1974. Após a morte do marido, ela se mudou para uma fazenda em Itaí, São Paulo, onde viveu seus últimos 32 anos. Lá, colocou em prática seu conhecimento, suas pesquisas e sua experiência, transformando a terra dura e seca e recuperando a mata nativa e as nascentes.

Ana Primavesi foi pioneira no estudo da Agroecologia no Brasil, publicando diversos livros, textos, artigos e artigos científicos e reunindo um rico e vasto acervo durante seus 70 anos de carreira como engenheira agrônoma, pesquisadora e professora universitária. Em 1979, lançou o livro Manejo Ecológico do Solo, que deu o “alicerce científico que faltava” para o desenvolvimento da Agroecologia. Faleceu em 05 de janeiro de 2020, aos 99 anos.

O acervo pessoal de Ana Maria Primavesi foi doado à Biblioteca de Obras Raras Fausto Castilho em 2021 e é formado por livros, documentos pessoais, slides e herbário. Dentre os livros, destaca-se a 1ª edição de Manejo Ecológico do Solo. Todo esse material tem relevância não apenas para pesquisadores, docentes e alunos da Unicamp, mas também de outras instituições nacionais e internacionais. A Bora assumiu a missão de perpetuar a memória dessa pesquisadora de renome, representatividade internacional e pioneira em diversos estudos da Agroecologia.

Todo o acervo passou por processo de radiação com raios gama, executado no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), como forma de neutralizar eventuais agentes – fungos e insetos. O material já está na Bora e a equipe iniciará o estudo para tratamento da coleção e posterior disponibilização para os usuários.

Veja mais detalhes sobre vida e obra de Ana Maria Primavesi no Portal  https://anamariaprimavesi.com.br/.

Coleção não disponível para consulta – em tratamento técnico.