O estudo da flora brasileira, suas propriedades, sua produção e usos terapêuticos perpassaram três gerações da família Peckolt, Theodoro (pai), Gustavo (filho) e Oswaldo (neto), sempre destacando a importância do desenvolvimento e pesquisa da farmacopeia brasileira.
Em 1847 desembarcou no Rio de Janeiro o botânico, químico e farmacêutico alemão Theodoro Peckolt (1822 – 1912). A princípio contratado por Karl Friedrich Phillip von Martius e August Wilhelm Eichler para estudar a flora tropical e enviar o material colecionado para complementar a obra Flora Brasiliensis. Mas sua colaboração não se limitou ao envio de materiais, von Martius confiava em seu trabalho e, por isso, mandava os textos e desenhos para que Theodoro comentasse e corrigisse-os.
Os trabalhos realizados por Theodoro Peckolt contribuíram para o desenvolvimento da farmacognosia e fitoquímica, e ainda hoje suas publicações são referência nas áreas de fitoquímica, química dos produtos naturais e farmacologia. Foi considerado o pai da farmacognosia no Brasil, destacando-se seu trabalho Catálogo explicativo da coleção farmacognosia e química orgânica enviado à Exposição de 1866, no qual já apontava a necessidade de se ciar uma farmacopeia brasileira, estimular seus usos terapêuticos e sua produção industrial.
Theodoro Peckolt também atuou em diversas Comissões Científicas no Brasil e na Alemanha; chefiou o Laboratório Químico do Museu Imperial e Nacional; foi Farmacêutico da Casa Imperial; professor de química orgânica, biologia e toxicologia da Escola Superior de Farmácia; realizou estudos na área de zoologia, especialmente sobre as abelhas sem ferrão, chamadas abelhas indígenas.
Na Exposição Nacional de 1861, Peckolt apresentou sua coleção de farmacognosia e química orgânica, pela qual foi premiado com medalha de ouro e condecorado como Oficial da Imperial Ordem da Rosa.
Autor dos livros: História das plantas alimentares e de gozo no Brasil, contendo generalidades sobre a agricultura brasileira, a cultura, uso e composição química de cada uma delas; e História das plantas medicinais e úteis do Brasil, realizado em parceria com seu filho Gustavo Peckolt, igualmente farmacêutico, no qual apresenta a descrição botânica, a cultura, a composição química, os usos industriais e o emprego de diversas plantas no tratamento de moléstias.
Já Oswaldo Lazarini Peckolt fez parte da revisão da Farmacopeia Brasileira de 1938 a 1959, destacando-se nas áreas de farmacobotânica e fitoquímica; chefiou a Seção de Ensaios Biológicos e Controle do Instituto Oswaldo Cruz, e, assim como o avô, foi membro de várias instituições internacionais.